lunes, 22 de junio de 2009

Entrevista con Yara Frateschi Vieira

La Revista Brasilera FOLHA de San Pablo (Brasil) entrevista a la Profesora Yara F. Vieira, especislista en literatura portuguesa, de la Universidad de Santiago de Compostela

Em 2008-2009, a greve foi provocada pela implantação, nas universidades do Estado espanhol, do Plano de Bologna, uma reforma universitária de âmbito europeu. Os alunos foram às ruas contra o plano, argumentando que a universidade iria ficar mais cara, com a obrigatoriedade do mestrado antes do doutorado (uma vez que mesmo as universidades públicas cobram taxas de inscrição não meramente simbólicas) e que a mobilidade supostamente resultante da uniformização dos cursos de graduação não se concretizará, por falta de bolsas suficientes para que os alunos possam se beneficiar dela.

LA ENTREVISTA :

Folha - Como é feita a negociação de salários nas universidades espanholas?

Vieira - Como existem professores funcionários públicos, de um lado, e contratados não funcionários, de outro, os procedimentos são diferentes em cada caso: os professores do "quadro" fazem a negociação salarial com o Ministério da Educação em Madrid (podendo algumas decisões pontuais serem tomadas no âmbito autonômico); os contratados fazem-na por meio de acordo coletivo com o governo da autonomia. Para o pessoal administrativo e os funcionários, há a mesma divisão e os mesmos procedimentos: os que são contratados negociam salários com o governo autonômico, enquanto os outros, "de quadro", negociam-nos com o Ministério de Administrações Públicas, em Madrid.

Folha - Greve é sinônimo de aulas perdidas e semestre prejudicado na Espanha? E qual é a alternativa à greve?

Vieira - Não costuma haver reposição de aulas da mesma forma que se pratica aqui no Brasil, com alteração do calendário escolar. Uma vez terminada a greve, retoma-se o calendário como anteriormente previsto.

Folha - Grupos políticos de extrema esquerda, de pouca expressão fora das universidades, lideram as greves de funcionários e estudantes no Brasil. Como se manifestam as divergências políticas na Espanha?

Vieira - As greves não têm vinculação partidária clara, embora, naturalmente, estejam informadas por plataformas políticas de esquerda. No caso da Galiza, em geral estão associadas a plataformas também nacionalistas e de política linguística.

Folha - Sua universidade é plural do ponto de vista político?

Vieira - O ambiente universitário é fortemente politizado, em termos gerais e nos seus aspectos específicos. Assim, na Galiza, uma questão importante é a da língua --no caso, a do galego como língua nacional. Em geral, os partidos políticos de esquerda estão comprometidos com a luta pela revitalização e pelo fortalecimento do galego --língua que está na origem da língua portuguesa e que foi submetida durante séculos à dominação pelo castelhano. Algumas faculdades, como, por exemplo, a Faculdade de Filologia, desempenham um papel de liderança nesse setor. E as relações históricas do galego e do português colocam os professores de língua portuguesa em posição de poderem contribuir para a tarefa de implantação da língua galega no território galego e de reconhecimento nos países de língua portuguesa.

Folha - Grevistas argumentam que o cargo de reitor da USP não representa a instituição, pelo fato de a escolha ser feita pelo Poder Executivo. Quais critérios norteiam a escolha de reitores e a contratação de professores na Espanha?

Vieira - A contratação de professores é feita por concurso público, tanto no caso dos professores "do quadro", como no caso dos contratados. Em certos casos, podem ser feitos contratos de curta duração para funções específicas, independentes de concurso.

O reitor é a autoridade acadêmica máxima da universidade e o seu mais alto representante. É eleito pela comunidade universitária, por eleição direta e sufrágio universal livre e secreto, dentre os professores catedráticos (equivalentes aos titulares brasileiros) em atividade naquela universidade.

Os votos de cada categoria (docentes em diversos níveis, alunos de graduação e pós-graduação, pessoal administrativo e funcionários) são ponderados, correspondendo à porcentagem de representação que a categoria tem no Claustro Universitário (no Brasil, conselho universitário). O reitor eleito é então nomeado pelo governo autonômico.

O reitor pode ser destituído pela convocação de eleições extraordinárias pelo claustro. Para isso, é preciso que haja aprovação de dois terços dos componentes do claustro, a partir da iniciativa de um terço.

Folha - Um dos problemas apontados no desenrolar da greve na USP é o da politização de um debate que, em princípio, deveria se restringir a condições de trabalho. Uma greve tem de envolver necessariamente embate ideológico?

Vieira - Numa universidade, é impossível excluir de uma discussão de "condições de trabalho" aspectos que envolvem convicções ideológicas: as condições de trabalho são aqui fatores não apenas de maior produtividade e bem-estar, mas também de consecução de objetivos de formação individual, intelectual e social, que variam conforme a ideologia que os informa.

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